
Você provavelmente já conhece as histórias assombrosas de como os cientistas nazistas faziam experiências extremamente cruéis com seus prisioneiros de guerra. De operações que retiravam parte do cérebro a injeções de tinta nos olhos, os relatos são muitos. Mas você já ouviu falar sobre os estudiosos que tentaram reviver a “verdadeira fauna ariana”?
Tudo começou com dois irmãos alemães: Lutz e Heinz Heck. Ambos cresceram em um ambiente voltado à criação de animais, o que despertou neles interesse pela zoologia. Junto a essa familiaridade natural, uma moda crescia no mundo e na Alemanha.
A criação de espécies novas tornava-se uma ambição para zoologistas da época ao mesmo tempo que espécies antigas começavam a entrar em extinção. Na nação alemã, as teorias a favor da “pureza” das espécies e dos ecossistemas alemães cresciam cada vez mais.
Foi nesse contexto que os dois começaram a interessar-se por recriar uma espécie de bovino já extinto dos pastos germânicos, o auroque. O animal, que chegava a quase dois metros de altura e três de comprimento, acabou desaparecendo em 1627 devido à caça excessiva e à competição com gados domésticos. Os irmãos acreditavam que conseguiriam realizar o feito através do cruzamento intenso entre bois com a mesma coloração, comportamento e formato de chifre dos auroques.
Para eles, já que os bois atuais descendiam dos antigos bovinos, a escolha certa de indíviduos faria ressurgir novamente os auroques. A descoberta da dupla hélice dos DNAs ainda não havia acontecido e tudo o que os Heinz conheciam sobre a espécie era fruto de descobertas arqueológicas.
Criadores e criaturas
Após viajarem pelo continente buscando os bois apropriados para a produção dos auroques, eles acreditaram ter revivido a espécie em 1930. No futuro, os animais criados seriam conhecidos como “gado Heck” e possuiriam personalidades agressivas, longos chifres e uma capacidade notável de sobreviver sem o auxílio humano. Os rebanhos espalharam-se pelo país.
A guerra, porém, acabaria por levar embora mais uma vez a criação dos dois irmãos. Com o tempo, os dois separaram-se. Heinz acabou sendo um dos primeiros presos pela polícia política do partido nazista, em 1930, causado por um breve casamento com uma judia. Mesmo sendo liberado depois, o irmão nunca envolveu-se com as políticas nazistas.
Já Lutz entrou para o partido e ficou amigo de Hermann Goering, um dos braços direitos de Hitler. Ele continuou a experimentar e recriar espécies como os cavalos selvagens tarpãs e os bisontes-europeus. Os resultados eram soltos pelos campos e serviam como fonte de recreação para Goering, que gostava de caçá-los, imaginando estar em um ambiente genuínamente ariano.
Em 1941, Lutz foi encaminhado para o zoológico de Varsóvia, na Polônia, para selecionar os animais que permaneceriam na coleção, que era, a partir daquele momento, de propriedade nazista. Várias espécies, consideradas menos “valiosas”, serviram de caça para os generais.
Com o fim da guerra, porém, a maioria dos animais recriados pelos Heinz foram dizimados pelos aliados. Alguns dos bois Heck sobreviveram, mas foram poucos, afirmam pesquisadores. Seus descendentes podem ser vistos hoje em alguns zoológicos. O mesmo ocorre com os cavalos terpã. A história dos “ressucitadores” nazistas é exemplo até hoje de como recriar o que a natureza já extinguiu requer o mínimo de consciência ambiental.
(Com informações de Smithsonian.com)
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