A um mês do júri da acusada de ter matado o ex-namorado a facadas no ato sexual, o ex-professor de educação física da jovem diz que Vania Basílio está adotando estratégias para se livrar da Justiça. Educador em Vilhena (RO), no Cone Sul do estado, Wellington Moura diz que Vania Basílio nunca demonstrou sinais de sociopatia, conforme laudos médicos, e nas aulas ela era uma pessoa extrovertida. “Ela aceitava derrotas nos jogos”, diz.
O educador relatou que, diferente do que muitas pessoas pensam, nas aulas de educação física é possível conhecer o perfil dos alunos até mesmo melhor do que nas outras disciplinas. “Dei aula para Vania no 2º e 3º ano do colegial e, em nenhum momento, ela se comportou diferente dos demais colegas. É uma estratégia. Não tenho dúvidas de que ela está tentando burlar a lei se passando por louca”, disse Wellington, de 38 anos.
Segundo ele, durante os exercícios o organismo desencadeia uma série de ações, inclusive pontos do cérebro ligado ao comportamento, ou seja, faz com que o indivíduo perca o controle do raciocínio e demonstre traços que tenta esconder.
“A Vania sempre respeitou as regras dos jogos, se portava bem diante das derrotas”, relembra. Quando soube que a ex-aluna matou um rapaz com 11 facadas, durante o ato sexual, o professor confessou que sentiu medo.
“Ela falou que saiu de casa com vontade de matar. Imagina se ela tivesse tido a mesma vontade enquanto estivesse em uma das minhas aulas?! Eu poderia ter sido o alvo”, disse assustado.
Júri
Conforme a sentença divulgada em julho, Vania Basílio Rocha vai responder por homicídio duplamente qualificado e irá a júri popular no dia 15 de setembro, em Vilhena. Durante audiência de instrução no dia 12 de julho, a acusada negou o crime, ressaltou que os fatos estão “embaçados” e disse acreditar que o ex está vivo.
A determinação de que a jovem seja julgada por júri popular foi divulgada depois da audiência de instrução no Fórum da cidade, quando Vania foi levada do presídio para ser ouvida pela juíza. Na ocasião, um policial militar e o irmão da vítima, Marcos Catanio Porto, também foram ouvidos pela Justiça.
Ao judiciário, Vania, que foi diagnosticada com sociopatia em maio deste ano, relatou que namorou com Marcos por dez meses e que gostava da vítima. Em dezembro de 2015, segundo a Polícia Civil, Vania foi até a casa do jovem e o matou com 11 facadas durante o ato sexual.
Na ocasião, Vania negou as declarações e disse não se recordar que “acordou com vontade de matar alguém”. Segundo ela, os fatos ainda estão embaçados em sua cabeça e, por isso, ela acredita que a vítima ainda está viva.
Conforme denúncia feita pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), Vania sabia o que estava fazendo no dia do crime e, por isto, o órgão a denunciou por “dissimulação” e homicídio por “meio cruel”.
Segundo o TJ, “existem indícios suficientes de autoria em relação a denunciada Vania Basílio Rocha, em face das provas testemunhais e confissão extrajudicial da acusada”.
A sentença do TJ-RO ainda cabe recurso por parte da defesa. O defensor público de Vania diz que não vai recorrer da decisão.
Matéria: G1/RO