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Jovem é agredida por lutador em bar no Rio: ‘Queria confusão’

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Mulher é agredida por um segurança em bar do Centro do Rio

Caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher

 

POR ANTÔNIO WERNECK

Camila, vítima de agressão em bar no Centro do Rio – Alexandre Cassiano / Agência O Globo

RIO – Na nova cena noturna do Centro do Rio, o Bar do Nanam, um botequim na pouco conhecida Rua Imperatriz Leopoldina, na Praça Tiradentes, virou point. Um lugar que, até bem pouco tempo, costumava reunir boêmios de todas as tribos, sempre num clima de muita paz. Na madrugada de quarta-feira, no entanto, o boteco foi palco de uma cena de assédio, que terminou com o espancamento da pedagoga Camila Wiebusch, de 28 anos, vítima de um homem que seria segurança de uma casa noturna da região. O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Camila, que levou um soco na cabeça e foi derrubada por um golpe de muay thai, ficou desacordada até ser socorrida por amigos. O agressor, identificado pela Polícia Civil como o faixa preta de jiu-jitsu Edson Diniz, fugiu.

— Levei primeiro um soco violento na cabeça, próximo ao olho direito. Depois, não me lembro mais o que aconteceu. Meus amigos disseram que ele me atingiu ainda com uma espécie de rasteira e cai desacordada, batendo com a cabeça no chão — disse Camila.

Os golpes deixaram seu rosto marcado. Um grande hematoma apareceu próximo ao olho direito da pedagoga.

— Meu olho ficou roxo e ainda há cortes na minha testa e na cabeça — afirmou Camila.

O relato da vítima

Fonte: Facebook

Amigos, entre eles o ator Daniel Bouzas, de 33 anos, assistiram a tudo e chegaram a enfrentar o agressor, que acabou fugindo.

— Ele chegou sozinho e deliberadamente queria arranjar confusão, agredir alguém. Não foi rasteira, foi um golpe de muay thai. Camila podia ter morrido — lembrou Daniel.

A confusão começou quando o bar estava fechando, por volta das 4h30m. Edson, que teria trabalhado na noite anterior como segurança numa casa noturna da Praça Tiradentes, abordou a vítima quando ela e alguns amigos jogavam sinuca no Bar do Nanam. “Vou te ensinar a pegar no taco”, teria dito o homem, segundo contou Camila e seu amigo.

— Ele ficou me assediando e falando grosseiramente, de forma machista. Pedi para parar, cheguei a falar com os funcionários do bar, mas o homem continuou. Meus amigos tentaram afastá-lo, mas ele não parou. De longe ficava jogando beijinhos e dizendo que não era hora de mulher estar na rua — afirmou Camila, que mora em Botafogo.

O assédio prosseguiu até Camila e os amigos deixaram o bar.

— Fomos para o bar ao lado e ficamos tranquilos. Até que o sujeito voltou e ficou falando gracinhas. Aí eu não aguentei e pedi para ele sair, o xinguei e até o empurrei. Foi quando ele passou a desferir os golpes — contou Camila.

O comerciante Antônio Gonçalves, o Nanam, confirmou toda a história. Disse que a confusão começou em seu bar, mas que a agressão aconteceu na rua.

— Eu já tinha saído na hora que tudo aconteceu. Lamento muito. Se eu estivesse aqui no bar, isso não teria acontecido. Entrei em contato com a Camila, frequentadora do bar. É triste. Mas pode acontecer, principalmente com uma pessoa que nada tem a ver com o lugar — disse Nanam.

O bar funciona no endereço há seis anos, mas há dois entrou no roteiro cultural da região, atraindo muitos jovens. O comerciante contou que decidiu transformar o botequim num espaço com shows de música na calçada. As apresentações vão de grupos de rock, passando por forró, samba e até carimbó. O botequim tem um espaço minúsculo, e, no salão apertado, uma mesa de sinuca.

Camila conta que, após as agressões, registrou queixa na Deam do Centro. Ela e os amigos entregaram aos policiais fotografias do agressor, que seria morador da Barra da Tijuca. Depois, ela foi ao Instituto Médico-Legal (IML), onde pretendia fazer exame de corpo de delito. Como os policiais civis estão em greve, não conseguiu. Procurou então atendimento no Hospital Municipal Rocha Maia, em Botafogo.

— Luto contra todo tipo de preconceito, contra o machismo e o assédio. Não posso permitir que o caso fique impune. Quero que ele seja punido pela agressão — disse Camila.

Daniel e outros amigos de Camila estão se mobilizando para pedir punição também.

— O agressor envergonha uma classe de esportistas. Ele tem que ser punido pela Federação de Jiu-Jitsu, afastado dos ginásios, ser banido do esporte. Li que ele dá aulas na Barra da Tijuca. Isso não pode mais acontecer. Que lições ele vai passar para os alunos? — questionou Daniel.

O GLOBO tentou localizar Edson Diniz, mas ele não foi encontrado.

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