Numa atitude desesperada e perigosa, na semana passada oito guerreiros do povo Uru-Eu-Wau-Wau foram investigar a invasão por não-índios de seu território tradicional diante da falta de ação da Polícia Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Na ação, os guerreiros expulsaram cinco pessoas que ocupavam ilegalmente a terra indígena e causavam desmatamento do lado oeste da reserva, que fica no município de Monte Negro, a 250 km de Porto Velho, capital de Rondônia.
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Na “operação” independente, os guerreiros apreenderam uma arma de fogo, motocicletas e destruíram uma balsa de travessia de rio usada pelos madeireiros. Na investigação, os indígenas descobriram que os invasores usam um posto de vigilância construído pela Usina Hidrelétrica de Jirau como compensação ambiental pela barragem no rio Madeira. O posto, construído em 2013, nunca foi ocupado pela Funai e desde então passou a ser usado como local de reunião de grileiros, madeireiros e invasores dentro da própria reserva.
A investigação dos guerreiros levou o temor às mulheres deles, criando o receio de que as aldeias sejam atacadas pelos invasores. Na terra indígena vivem mais de 200 índios que moram em seis aldeias: Alto Jamari, Limão, Aldeia Nova, Alto Jaru, Linha 621 e Linha 623. O território é sobreposto ao Parque Nacional de Pacaás Novos, a maior unidade de conversação de Rondônia.
O grupo de oito guerreiros Uru-Eu-Wau-Wau partiu para a “operação” independente dos órgãos públicos que deveriam proteger seu território no último dia 14. Com as flechas nas mãos, eles caminharam por 35 quilômetros dentro da floresta. A informação inicial era a de que nesse local havia 40 homens, mas eles encontraram apenas três. Os guerreiros retornaram da ação no dia 17.
No domingo (19), acompanhados por representantes da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, os guerreiros voltaram à área de extração de madeira e prenderam mais dois invasores. Todos foram expulsos da reserva. Os guerreiros não chegaram a ir à área de loteamento onde se estima ter 5.000 posseiros.
Segundo os guerreiros, a Polícia Federal esteve na aldeia Alto Jamari “rapidamente”, apenas no dia 17, mas não fez uma operação para expulsar os invasores.
A Amazônia Real entrevistou dois guerreiros Uru-Eu-Wau-Wau que foram investigar a grilagem e invasão de seu território localizado numa das regiões mais preservadas do sul de Rondônia, mas alvo da pressão do agronegócio. No depoimento, eles dizem que viram grandes extensões de área desmatada, castanheiras derrubadas e animais silvestres mortos.
Autor / Fonte: Elaíze Farias / Amazônia Real